segunda-feira, junho 25, 2012

LIBERTAÇÃO






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(Foto de BlueShell) - Portugal

“Amigo disfarçado, inimigo dobrado.”



Dulce conhecia esse pedaço de sabedoria popular mas nunca, nunca em sua vida lhe dera o real significado…nunca sentira, no corpo e na alma, essa dor provocada por alguém cuja amizade é apenas simulada!



Enquanto caminhava só se lembrava dos momentos de dor intensa provocada por esse homem: sedutor, provocador, bajulador, mentiroso…cuja máscara caíra perante ela mas que continuava a ter os seus “lacaios” – os que, como ele, se alimentavam da boa-fé, da integridade que caracteriza os justos!
Não tinha medo dele. Nem respeito. E a sua natureza pedia vingança. Um querer agir que parecia estalar-lhe no peito…
Não tinha medo dele…tinha medo de si mesma, do que poderia fazer se o visse à sua frente. Sim, sentia raiva…e horror desse sentimento. E nojo de ter privado durante mais de 20 anos com uma criatura que era, em tudo, o estereótipo da ignomínia!

Caminhava sem sentir o vento fustigar-lhe o rosto e a alma! Caminhava sem sentir o cansaço…sem ver o que a rodeava. Sentia que era urgente chegar. Precisava chegar antes de mudar de ideias e voltar atrás. Sentia, sim, que tinha pressa. Porque voltar atrás era tornar-se igual a ele, pior que ele…era descer ao patamar da agressão…do ódio cego. Não, não o faria nunca! Mas precisava chegar depressa! Por isso rompeu caminho por entre tojos e silvas que lhe feriam os tornozelos…mas precisava chegar. Não sentia dor, nem sentia o sangue que, quente, fazia como que sulcos nas suas pernas.

Desfigurada pelo cansaço e pelas cicatrizes de tempos de luta…chegou!
Ali, no alto, sentia agora uma Paz…uma libertação de tudo o que deixara e que a conduziria à perdição. Não sentia o frio…sentia o calor de uns braços que não eram deste mundo. Ajoelhou.
E assim esteve, longo tempo, numa oração que ninguém pôde ouvir!

Depois, lentamente, ergueu o rosto macerado e balbuciou:

“A ti levanto os meus olhos, ó tu que habitas nos céus.

 Assim como os olhos dos servos atentam para as mãos dos seus senhores, e os olhos da serva para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o SENHOR nosso Deus, até que tenha piedade de nós.



 Tem piedade de nós, ó SENHOR, tem piedade de nós, pois estamos assaz fartos de desprezo.

A nossa alma está extremamente farta da zombaria daqueles que estão à sua vontade e do desprezo dos soberbos.”
(Salmos 123:1-4)

 Unto thee lift I up mine eyes, O thou that dwellest in the heavens.

 Behold, as the eyes of servants look unto the hand of their masters, and as the eyes of a maiden unto the hand of her mistress; so our eyes wait upon the LORD our God, until that he have mercy upon us.

 Have mercy upon us, O LORD, have mercy upon us: for we are exceedingly filled with contempt.

 Our soul is exceedingly filled with the scorning of those that are at ease, and with the contempt of the proud.

"Venham sobre mim também as tuas misericórdias, ó SENHOR, e a tua salvação segundo a tua palavra.
Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra." 
Salmos 119:41-42

Let thy mercies come also unto me, O LORD, even thy salvation, according to thy word.
So shall I have wherewith to answer him that reproacheth me: for I trust in thy word.

E , prostrada, deixou que o Tempo levasse consigo  a dor …e adormeceu   em Paz….


terça-feira, junho 12, 2012

Páginas





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(Foto de BlueShell) - Mangualde, Portugal

Arrecadei as páginas da Vida na gaveta de uma escrivaninha carcomida pelo Tempo….
Fechei a gaveta.
Lá fora o sol, os pássaros inquietos …o sabor a terra e a vento!
Cá dentro…as tábuas rangem sob meus pés e as estantes prenhes de romances e Epopeias…esperam, pacientes, um momento de atenção.
Mas eu já arrecadei as páginas da Vida na gaveta de uma escrivaninha carcomida pelo Tempo…
"Viver é a coisa mais rara do mundo - a maioria das pessoas apenas existe."Autor - Wilde , Oscar

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(Foto de BlueShell) - Mangualde, Portugal

Aos amigos leitores: continuo atarefada...mas farei por visitar cada um de vós...devagarinho...
Um beijo em tom de azul

segunda-feira, junho 04, 2012

Ao cair do pano...




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(Foto de BlueShell) - Mangualde, Portugal

Vamos deixar o passado no seu Tempo;
Construir novas lembranças penteadas em loiras tranças…
Renovar cada beijo e cada melodia
E abrir, de par em par, as janelas de um novo dia!

 Vamos deixar o passado no seu Tempo;
Despir das nuvens o horizonte que se espera…
Colher as horas e celebrar a vida sem temores
E, ao cair do pano tenhamos, todos nossos,
Os dias, quentes e fogosos,
Tecidos em cores por inventar…
Pintados em telas por sonhar…e brindar,
No erguer das taças, ao presente…
Ao tanto querer e ao tanto amar!
  


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(Foto de BlueShell) - Mangualde, Portugal

Porque o Tempo me foge e o trabalho me cerca…peço a paciência vossa para minha ausência !
- e ainda agora dizia à Laura:
Estou assim, Laura, em luta contra o Tempo e contra o Medo...


Deixo um beijo e o desejo de uma excelente semana....

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